Maio Amarelo: 22,2 mil brasileiros sofrem traumas de face todos os anos
Em média, 22,2 mil brasileiros sofrem lesões graves de face todos os anos, provocadas principalmente por acidentes de trânsito. Os dados fazem parte de novo levantamento realizado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (CBCTBMF) e encaminhado no início deste mês ao Conselho Federal de Odontologia (CFO), em razão do Maio Amarelo. A campanha global é destinada a ações de educação, prevenção e combate a acidentes de trânsito, com objetivo principal de reduzir as estatísticas de vítimas.
O levantamento do CBCTBMF foi realizado com base no Mapa Epidemiológico do Trauma Facial por Macrorregião e no relatório técnico-instrucional da entidade e em meta-análise de recentes estudos publicados sobre o tema no país. Segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), no período mais recente disponível, entre 2018 e 2023, foram registradas 133.687 internações por fraturas de crânio e ossos da face em caráter de urgência no país. Isso quer dizer que foram registradas, em média, 22,2 mil vítimas ao ano, o que representa mais de 60 brasileiros com rostos fraturados por dia.
Os números também traçam o perfil das vítimas, sendo que dentre os pacientes, 81,91% eram homens, com predominância da faixa etária de 20 a 29 anos (30,10%), e 47,79% se declararam pardos, seguidos por brancos (26,22%) e pretos (4,09%). As principais causas externas identificadas nacionalmente para os traumas faciais, com base nos estudos analisados pelo CBCTBMF, são acidentes de trânsito, especialmente com motocicletas; seguidos por agressões físicas e quedas.
O presidente do CBCTBMF, Dr. Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos, ressalta que as fraturas de face não são apenas lesões físicas; mas também afetam profundamente a autoestima, a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes. “Precisamos de políticas públicas que priorizem a prevenção, o acesso ao atendimento especializado e a reabilitação adequada”, afirma o cirurgião bucomaxilofacial.
Ao analisar os números, o presidente do Conselho Federal de Odontologia, Claudio Miyake, destacou a importância da conscientização da população sobre os principais motivos que levam os pacientes com rostos fraturados para dentro dos centros cirúrgicos. “Os dados são preocupantes e evidenciam o grande impacto dos traumas faciais para a saúde pública do país e, especialmente, para as vítimas. São acidentes com reflexos emocionais profundos para os pacientes que, muitas vezes, precisarão de grandes períodos de recuperação para que possam voltar a falar, mastigar, deglutir e sorrir normalmente.”, pontua.
O presidente do CBCTBMF destaca a importância da promoção de campanhas de educação e prevenção aos acidentes: “É fundamental que as autoridades de saúde, segurança e mobilidade urbana atuem de forma coordenada, principalmente na prevenção, para reduzir esses índices alarmantes. Campanhas educativas, fiscalização rigorosa e investimentos em infraestrutura são essenciais para proteger a população e minimizaria sequelas, além de poupar muitas vidas”, reforça Dr. Belmiro Cavalcanti.
Atendimento é realizado por cirurgiões-dentistas
O atendimento a traumas faciais nas emergências dos hospitais é feito por cirurgiões-dentistas especialistas em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais. As áreas de atuação dos profissionais incluem realização de implantes, enxertos, transplantes e reimplantes, biópsias, cirurgias com finalidades protética e ortodôntica, cirurgia ortognática; além de diagnóstico e tratamento cirúrgico de cistos; afecções radiculares e perirradiculares, doenças das glândulas salivares e da articulação têmporo-mandibular; entre outras.
O presidente do Conselho Federal de Odontologia, Claudio Miyake, destacou a importância da valorização dos cirurgiões-dentistas especialistas em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais. “Muitas pessoas não sabem, mas os pacientes que dão entrada nos hospitais com traumas graves de face são operados pelos cirurgiões-dentistas. Os profissionais bucomaxilofaciais são capazes de realizar a reconstrução das estruturas anatômicas da face, garantindo o restabelecimento de todas as funções e a recuperação estética do rosto”, pontuou.
A maioria dos casos demanda atendimento emergencial, envolvendo cirurgias para correção de fraturas, reconstruções ósseas e suturas complexas. “Esses procedimentos estão concentrados em hospitais de referência e compõem uma rede estratégica que conta com o protagonismo dos cirurgiões bucomaxilofaciais, mas é preciso que haja uma capilarização dos serviços por todo o país e não concentração somente em alguns estados”, defende o presidente do CBCTBMF.
Panorama regional detalhado de traumas faciais no país
Projeto trauma
A implementação do Projeto Trauma, desde 2022, pelo Ministério da Saúde permitiu a coleta mais precisa de dados sobre lesões por violência e acidentes no país, com a inclusão de marcadores sociais, como identidade de gênero. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN mostram mais de 24 mil notificações de violência contra pessoas trans foram que registradas entre 2015 e 2023, sendo a região da cabeça e face uma das mais atingidas.
Para mais informações, acesse: https://bucomaxilo.org.br